A Polícia Civil de Santa Catarina detalhou que a empresária Ana Carolina da Silva e o policial militar Jeferson Luiz Sagaz, encontrados sem vida na banheira em um motel de São José (SC) em agosto, morreram por intoxicação exógena. A condição trata sobre uma reação causada por substância externa .
Conforme a Polícia Civil, o casal morreu devido ao uso de drogas e álcool, associado à permanência em uma banheira quente. Perícias feitas no local identificaram que a temperatura da água chegou a 50 °C. Também foram encontrados resquícios de cocaína no local e nos corpos dos dois.
Segundo Andressa Boer Fronza, perita-geral da Polícia Científica, foi necessária a realização de mais de 16 laudos, incluindo análises no corpo do casal, no local, e em outros objetos para se chegar à conclusão, que descartou sinais de violência externa ou causas ambientais, como choque elétrico. O inquérito foi encaminhado à Justiça ainda na quarta-feira.
"A causa de ambas as mortes foi a mesma. Foi intoxicação exógena, favorecendo o processo de intermação (hipertermia induzida pelo calor), com desidratação intensa, colapso térmico, dentre outros, culminando com a falência orgânica e a morte. Ou seja, esse óbito ocorreu por condições multifatoriais".
Segundo a definição do Ministério da Saúde, a intoxicação exógena é atribuída ao indivíduo que, "tendo sido exposto a substâncias químicas (agrotóxicos, medicamentos, produtos de uso doméstico, cosméticos e higiene pessoal, produtos químicos de uso industrial, drogas, plantas e alimentos e bebidas), apresente sinais e sintomas clínicos de intoxicação e/ou alterações laboratoriais provavelmente ou possivelmente compatíveis".
A perícia apontou ainda que os exames toxicológicos constataram níveis elevados de álcool e a presença de cocaína em ambas as vítimas, caracterizando intoxicação exógena.
No entanto, uma combinação com as altas temperaturas aumentou o risco.
"O cenário mais plausível é de que a associação do consumo de álcool e cocaína, combinada com a exposição prolongada à água quente, tenha criado condições favoráveis para perda súbita de consciência e colapso cardiovascular, situação em que o sistema sanguíneo e o coração deixam de funcionar adequadamente e ocorre a parada do fluxo sanguíneo para os órgãos vitais", reiterou em nota a Polícia Científica de Santa Catarina.
Segundo o diretor de Medicina Legal da Polícia Científica, doutor Fernando Oliva da Fonseca, a necrópsia nos corpos apontou alterações chamadas de intermação, que trata sobre o aquecimento do corpo.
"O uso da cocaína, que pelas doses por si só já poderia dar um torpor [sentimento de mal-estar], uma sonolência e até coma no indivíduo, somado ao etanol [álcool], que também causa isso nas doses elevadas, como torpor, coma e sonolência. Soma os dois, aumenta o fator [risco] e aí pode ter havido justamente isso, a pessoa entra em torpor naquela temperatura e vai subindo e ela não sente isso e não tem uma reação de defesa", disse.
O que disse a família
Ana Carolina Silva era dona de uma esmaltaria. Já Jeferson atuava na Academia de Polícia Militar da Trindade (APMT), em Florianópolis. Os dois estavam juntos há cerca de 20 anos e tinham uma filha de 4 anos.
A família de Ana Carolina publicou uma nota após a conclusão do inquérito. Confira abaixo:
É com profunda indignação que nós, da família da Ana Carolina da Silva, conhecida como Ana da Mood, repudiamos as notícias falsas que vêm sendo divulgadas.
Embora laudos apontem a presença de substâncias em seu sangue, afirmamos com total certeza que Ana não era usuária de drogas. Diante das inconsistências, levantamos a séria preocupação de possível ingestão forçada ou envenenamento e exigimos investigação rigorosa, transparente e imparcial.
Nosso objetivo é preservar a memória e a dignidade de Ana, garantindo que a verdade prevaleça sobre especulações cruéis e injustas. Não aceitaremos que sua história seja manchada por suposições irresponsáveis.
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O que disse a família